quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Jornalismo e Escravidão: O que os jornais publicavam sobre os escravos no inicio do século XIX


        Imagem de skeeze por Pixabay

Autor: Jailson Mendes

          Uma das mais tradicionais fontes de informação com certeza é o nosso jornal impresso, e o Diario de Pernambuco tem o título de ser o periódico mais antigo da América Latina, é isso mesmo, esse jornal foi fundado no Recife em 1825 por Antonino José de Miranda Falcão (tipografo), quando a cidade ainda nem era a capital do estado pernambucano. O jornal trazia as principais notícias para a população, os fatos ocorridos, anúncios de produtos, anúncios de vendas, anúncios de festas, lista de empregos, entre outras grandes utilidades que o jornal fornecia a população.

A partir do jornal as pessoas podiam saber mais rápido as notícias da comunidade e publicar informações de seu interesse. Como a sociedade brasileira nessa época era escravista também era natural que notícias sobre escravos fossem publicadas nesse periódico, assim as pessoas tinham acesso mais rápido quando algum escravo fugia, quando era posto à venda ou quando o dono de escravo queria alugar o seu cativo.

Para os escravos a chegada do jornal não foi nada bom, afinal o seu nome era divulgado assim como o seu tipo físico quando este tentava se desvencilhar das garras de seus donos, com seus dados sendo circulados e com gratificação para quem o pegasse as fugas se tornavam cada vez mais difíceis, essa divulgação do fugitivo ajudava o capitão do mato (homem que perseguia os escravos foragidos a mando dos proprietários) facilitando o seu trabalho para a captura dos escravos.

          Muitos anúncios eram publicados no jornal, de escravos que fugiam, de escravos que eram posto à venda, até mesmo de pessoas que queriam comprar escravos. Mas com o tempo já depois da segunda metade do século XIX muitos jornais começaram a escrever contra a escravidão, apoiando os abolicionistas, afinal a mentalidade do povo estava mudando, graças a Deus. 

Anúncios do Diario de Pernambuco de 1842:





segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Gavrilo Princip: Entenda Um Pouco Mais do Jovem Que Ocasionou o Estopim da Primeira Guerra Mundial


 Autor: Jailson Mendes

Tem homens e mulheres que com apenas um ato registram seus nomes na História, ficando lembrados por toda a sociedade de geração após geração, uma dessas pessoas com certeza foi o jovem Gavrilo Princip, ao assassinar o príncipe do império Austro-húngaro e sua esposa enquanto andavam de carro pelas ruas de Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina, esse foi o pretexto para que as grandes potências capitalistas entrassem em guerra em busca de dominação territorial.  

Mas quem foi Gavrilo Princip? E que motivos teria para matar um príncipe? Quando estudamos a Primeira Guerra Mundial, vemos que o estopim para a guerra foi justamente esse assassinato, ai passamos para frente com o império Austro-húngaro declarando guerra a Sérvia, a Rússia se prontificando em favor dos sérvios, a Alemanha aliada do império austríaco declarando guerra a Rússia e depois a Bélgica e a França, a Inglaterra declarando guerra à Alemanha despois que está invade a Bélgica; guerra de movimento, guerra de trincheira, e por ai vai até chegarmos a capitulação da Alemanha em 1918. Mas, espere! O que aconteceu com Gavrilo Princip? Quem foi ele afinal?

Gavrilo nasceu na Bósnia, com tudo seus pais tinham descendência servia, foi para a capital, Sarajevo, aos 13 anos para dar continuidade aos seus estudos e viajou em 1910 para a Sérvia com o intuito de terminar a sua formação, lá ele se envolve com uma organização extremista que tinha como objetivo tomar o País da Bósnia do império Austro-húngaro que desde 1908 exercia uma forte influência aquele território. Essa organização chamada de “Mão Negra” queria unir os países da Sérvia e da Bósnia, criando assim a Grande Sérvia, para esse fim esse grupo levantava a bandeira do pan-eslavismo (a união dos povos eslavos) e viam como medidas o terrorismo, alimentando o ódio dos jovens contra o império Austríaco.

Para resolver questões políticas o arquiduque herdeiro do trono austríaco Francisco Ferdinando marcou uma viagem para Sarajevo e estaria na capital da Bósnia em 28 de junho de 1914. Sabendo da data previamente a “Mão Negra” treinou vários jovens para assassinar o príncipe, o grupo tinha a ideia de que ao matar o herdeiro do trono o império Austríaco entraria em declínio, um desses jovens que passaram por esse treinamento foi o Gavrilo Princip, e junto com outros jovens se misturou com a multidão no momento em que o príncipe passeava de carro aberto nas Ruas de Saravejo. Um dos jovens terroristas ainda tentou executar o plano jogando uma granada no carro do arquiduque, mas o motorista percebeu e conseguiu desviar o carro a tempo, a oportunidade então cai nas mãos de Gavrilo que ao ver o herdeiro do trono em sua frente rapidamente dispara e mata tanto o arquiduque Francisco Ferdinando quanto a sua esposa Sofia de Hohenberg.

Gavrilo foi preso ainda no local, seus amigos foram presos também, apenas Gavrilo não teve uma sentença de morte devido ainda não ter 21 anos, ele foi condenado a prisão perpetua e em 1918 ele morre vítima de tuberculose.     

Sugestão de Leitura:

Revista História Em Curso, 1ª Guerra Mundial, Ano II, N˚ 18.  

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

A Mulher da Pré-História: Um Novo Olhar

 

 Imagem de David Mark por Pixabay 

                              Autor: Jailson Mendes

Em 2018 quando eu ainda era estudante do ensino superior em História pela FASP (Faculdade do Sertão do Pajeú) e prestava a cadeira de estágio dando aulas nas escolas públicas sempre supervisionado pelo professor titular da turma, um aluno me questionou a respeito do assunto que eu estava lecionando, eu estava em uma turma de 6ª ano explicando as ações do homem durante a Pré-História  nos períodos Paleolítico e neolítico, mas por tanto repetir a palavra “Homem” um dos estudantes levantou o seguinte questionamento: “mas nesse período só tinha homem? Não existia mulher não?”, então como resposta lhe disse: “quando me refiro ao homem também se inclui a mulher pois a palavra homem nesse contexto tem o sentido de humanidade” em parte estava certo uma vez que muitas vezes damos a palavra “homem” o sentido de “homens e mulheres”.

Após refletir melhor sobre o questionamento do estudante pude notar que muitas vezes não deixamos claro que homens e mulheres trabalharam em conjunto para sobreviverem nesse período tão arriscado pra vida humana que foi a Pré-História, desde o surgimento dos Australopitecos no sul da África (3,5 milhões de Anos), passando pela linha evolucionaria com o Homo habilis (2 milhões de anos), Homo erectus (1,8 milhões de anos), Homo neanderthalensis (500 mil anos) e o Homo sapiens sapiens (100 mil anos), que homens e mulheres lutam pela sobrevivência criando juntos as ideias e ferramentas que facilitassem suas vidas.

Talvez por inocência é nos incutido que o homem fabricava ferramentas de pedra, osso e madeira, foi quem manipulou e dominou o fogo e quem saia para a caça provento de carne a tribo, enquanto que as mulheres eram incumbidas de coletar raízes e frutos comestíveis, cuidar das criança e produzir peças a partir da pele dos animais. Não digo que essas teorias antigas estejam erradas, digo apenas que elas devam esta equivocadas, veja bem, na comunidade primitiva todos trabalhavam para todos (ideias e conceito machistas ainda não existiam), assim os dois sexos podiam fazer as mesmas tarefas, tanto na caça quanto na coleta.

Homens e mulheres em bom estado físico caçavam juntos preparando armadilhas e fazendo emboscadas para separar os grandes animais do rebanho, o isolando do resto e o tangando para armadilhas como buracos com grandes estacas afiadas onde a presa se feria ou era abatida. Para a coleta de raízes e frutos geralmente eram mulheres gravidas ou com crianças de colo, meninos, meninas e idosos, nenhum desses poderia ir para as caçadas, por ser um trabalho árduo onde se exigia muita força física e longas horas de tocaia sem fazer barulho.

Uma das grandes invenções que se atribuem a mulher foi a invenção da agricultura, ao perceber que a semente que caia no chão brotava numa nova planta, a mulher faz uma das revoluções mais importantes da história a revolução agrícola, atribui-se criação da agricultura a ela por passar mais tempo nas coletas (e é até lógico, uma vez que a mulher em sua faze adulta passava mais tempo gravida ou cuidando de sua prole), e assim gerar um novo estilo de vida para toda a tribo que até o momento era nômade, dando início ao período Neolítico (aproximadamente 10 mil a.C) com sua vastidão de criações, uma vez que, com o advento da agricultura todos tinham mais tempo já que podiam se situarem em algum lugar especifico dando adeus a antiga vida que andarilho.

No período Neolítico, surgiram o artesanato (trabalhos com argila na fabricação de muitos objetos de cerâmica, o polimento das armas rusticas de pedra, cestos e armas), uma divisão definida de trabalhos, a formação de aldeias e pequenas cidades, o manuseio dos metais e a criação da escrita.

    

Sugestão de Leitura:

ADOVASIO, J.M.; SOFFER, Olga; PAGE, Jake. O Sexo Invisível, O Verdadeiro Papel da Mulher na Pré-História. Tradução Hermano de Freitas. Rio de Janeiro: Record, 2009.