domingo, 19 de abril de 2020

Da África para o Brasil


Da África para o Brasil; dos povos africanos aos afro-descendentes 

Autor: Jailson Mendes

Introdução

            Falar da história da África é remontar as nossas origens, é acima de tudo entender a grande importância que esse enorme continente tem para o mundo, pois muito pouco sabemos sobre essa fabulosa terra e os povos que nela habitam. Muito desse desconhecimento é devido as nossas heranças culturais europeias que viam na cor branca um estado evolutivo estando estes acima de todas as outras etnias incluindo-se a etnia negra, assim vivemos centenas de anos com um preconceito muito cruel que destruiu milhares de vidas, sonhos e culturas.
            Assim quando nos é perguntado sobre a cultura negra ou afro-brasileira muitas vezes não sabemos responder a altura ou simplesmente nos recusamos por pura e simples ignorância. Tendo em vista do pouco conhecimento que temos o foco desse trabalho será apenas para nos dar um melhor entendimento dos povos da África, de suas histórias e culturas.      

Os povos africanos

            Indícios arqueológicos nos indicam que os primeiros seres humanos se originaram na África (mais ou menos no sul do continente) e se espalharam pelo restante do globo, começando pela Europa, Ásia, Oceania e por fim as américas; é nesse continente que surgiu também uma das mais antigas e fascinantes civilizações da antiguidade, se extruturando as margens do rio Nilo a civilização egípcia ainda hoje é objeto de estudo por muitos pesquisadores, impressionados com suas construções, escrita e história.
            Além dos egípcios muitos outros povos marcaram a história da África, como os cartagineses que viviam no norte do continente, onde hoje se situa a Tunísia, descendentes dos antigos navegadores Fenícios, os cartagineses entraram em conflito com os romanos, ambos disputando o domínio do mar mediterrâneo, as batalhas entre Cartago e Roma ficou conhecida como as guerras púnicas, o desfecho desses conflitos foi a total destruição de Cartago em 146 a.C. Outro povo foi os garamantes situados onde hoje se localiza a Líbia, esse povo resistiu ao avanço romano, mas sucumbi-o em 643 d.C, quando finalmente sua capital foi invadida pelo exército árabe.
            O reino de Ilê-Ifé, localizado onde hoje se encontra a Nigéria, teve o seu auge entre os séculos XII e XVI, seus reis também eram sacerdotes e foram os difusores do culto aos orixás em outras regiões vizinhas; outro reino foi o de Benim que teve seu apogeu provavelmente no século XV, tanto portugueses e holandeses quando foram para o local descreveram a respeito de uma grandiosa cidade, mas por disputas internas para a escolha dos novos reis, acabou por dividi-se em vários pequenos reinos como Daomé; outro império foi o do Mali que ficou conhecido pela famosa peregrinação de seu imperador mansa Musa para Meca, séculos depois esse império fragmentou-se e perdendo parte de seu território para o império Songai no ano de 1449; o reino do Congo foi cristianizado pelos portugueses na época das grandes navegações, mudando até mesmo o nome da capital a renomeando de cidade de São Salvador, mas como os portugueses estavam mais interessados no comercio de escravos começaram a fomentar intrigas internas fragmentando assim o reino dando inicio a longos períodos de guerras, desta forma comprava os derrotados e os vendiam como escravos no Brasil. 

                   
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A escravidão e o trafico de escravos

            Quando falamos em escravidão nos lembramos logo da escravidão negra, na travessia do Atlântico e de seu comercio nas américas, não nos lembramos por exemplo do sistema escravista greco-romano (esta escravidão não era pela cor ou por crenças religiosas, mas sim por derrotas nas guerras e por dividas), assim como estudamos na antiguidade clássica, na África antes da chegada dos europeus os africanos também tinham suas rivalidades assim duas tribos ou dois reinos que se de gladiavam até um deles sucumbir e os derrotados eram escravizados pelos vencedores, mas quando os europeus, principalmente os portugueses, começaram a comercializar com os africanos ouve uma nova forma de escravidão, os escravos literalmente tratados como meras mercadorias foram vendidos aos milhares e enviados principalmente para as américas, originando-se assim o comercio negreiro transatlântico, os europeus instigavam diversas disputas entre tribos e aldeias e trocavam os derrotados por armas de fogo, fumo e cachaça.
A escravidão foi um importante fenômeno da história, estando presente em muitos lugares, da antiguidade clássica a épocas muito recentes. A África esteve intimamente ligada a esta história, tanto como fonte principal de escravos para as antigas civilizações, o mundo islâmico, a Índia e as Américas, quanto como uma das principais regiões onde a escravidão era comum. Na verdade, na África a escravidão durou até o século XX – muito mais do que nas Américas. Tal antiguidade e persistência requer explicação, tanto para compreender o desenvolvimento histórico da escravidão na África, quanto para avaliar a relativa importância do tráfico de escravos para esse desenvolvimento. De maneira geral, a escravidão se expandiu em pelo menos três estágios – 1350 a 1600, 1600 a 1800 e 1800 a 1900 – durante os quais o escravismo se tornou fundamental para a economia política africana. (LOVEJOY. Paul E. p. 29).
            Os povos então trazidos para as Américas tiveram tão simplesmente que se adaptar a uma terra desconhecida, sob uma nova forma de vida, tentando assim preservar o máximo possível as suas raízes africanas.          

Cultura afro-brasileira

            Com o passar dos séculos de escravidão no Brasil os africanos e seus filhos que já nasceram aqui em atos de resistência desenvolveram diversas formas de se preservar sua identidade cultural, a exemplo do sincretismo religioso, pois na condição de escravos eles tinham que renegar sua religiosidade materna, tidas para o homem branco como religiões pagãs, para aceitarem o cristianismo, assim o culto aos orixás trazidos por Bantos e Nagôs, passou a ser praticado a partir de um novo olhar das imagens dos santos católicos, desta forma a imagem que representa São Jorge para os católicos representa Ogum para a Umbanda e o Candomblé, assim cada imagem passou a representar tanto um santo quanto um orixá.
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            Outra forma de resistência foram as fugas das senzalas para as matas surgindo assim as comunidades quilombolas (tendo Palmares como o mais famoso quilombo, se destacando os seus dois últimos lideres Ganga zumba e Zumbi, palmares foi destruído em 1696 por tropas comandadas pelo bandeirante de apresamento Domingos Jorge Velho), nessas comunidades os negros puderam desenvolver com total liberdade a sua cultura.
            Hoje temos expressões culturais afro-brasileiras em todas as partes do Brasil, como a Capoeira, o Samba de Coco, a Festa dos Reis Negros, o Reisado, o Bumba meu Boi, além de uma culinária que todos amam como a famosa feijoada, e seus cultos religiosos como a Umbanda, o Candomblé e a Jurema. Assim deixando a cultura brasileira completa, uma vez em que somos o resultado de três etnias: o índio, do qual pertencia todo o território antes de 1500, do branco europeu que invadiu e impôs sua cultura e do negro que como já sabemos veio sob a condição de escravo desde 1550 até 1850, ganhando total liberdade em 1888 com a Lei Áurea, mas que ainda hoje sofre com o preconceito e discriminação de muitos, já se passaram 131 anos do fim da escravidão, mas ainda é muito pouco comparado com os mais ou menos 300 anos de sofrimento.   


             
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Referências

LOVEJOY, Paul E. A escravidão na África: Uma História de suas transformações. 2ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2002.
O Brasil somos todos nós: livro 6, 7º ano / organização, obra coletiva produzida pela Editora Grafset, 2011. – (O Brasil somos todos nós; v. 6).
O Brasil somos todos nós: livro 7, 8º ano / organização, obra coletiva produzida pela Editora Grafset, 2011. – (O Brasil somos todos nós; v. 7).
O Brasil somos todos nós: livro 5, 6º ano / organização, obra coletiva produzida pela Editora Grafset, 2011. – (O Brasil somos todos nós; v. 5).



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