terça-feira, 28 de abril de 2020

Brasil Holandês

O Brasil dos holandeses

Será que estaríamos em melhores condições hoje se a colonização holandesa tive-se se efetivado no século XVII

Autor: Jailson Mendes

     
     
          Muitas vezes quando estamos conversando sobre a triste situação que está o nosso querido Brasil principalmente quando estamos tratando da fome, do desemprego, da insegurança, da fraca educação nas escolas publicas, da situação na saúde pública, da nossa política; enfim do Brasil como um todo, quase sempre chega um e diz: teria sido melhor se o Brasil tivesse sido colonizado pelos holandeses; alguns possivelmente até iriam concordar com ele afinal a colonização que os lusitanos nos impuseram não foi lá muito boa, mas será que teria realmente mudado muita coisa no Brasil se os holandeses tivessem tomado a posse definitiva de nossa Pátria Amada.
         Vamos agora voltar um pouco a nossa história; antes da famosa "União Ibérica" devemos nos lembrar que a Holanda e Portugal eram parceiros de negócios, os portugueses plantavam a cana-de-açúcar em grandes extensões de terras, pratica agrícola conhecida também por "plantation", a cana era plantada principalmente em Pernambuco e em São Vicente (São Paulo), era um trabalho compulsório de mão-de -obra escrava, utilizando a principio os indígenas e por fim trouxeram os africanos que por quase 300 anos sentiram o peso da escravidão em nosso país. Aqui a cana era moída e dela se extraia o açúcar mascavo, esse açúcar não era visto com bons olhos pelo mercado europeu por ter uma coloração amarronzada; enquanto Portugal era o grande proprietário das terras e produtor da cana, a Holanda por sua vez ajudou na construção de boa parte dos engenhos brasileiros emprestando dinheiro a juros ao senhores de engenhos, além de comprarem o açúcar mascavo de comerciantes portugueses (estes por sua vez compravam a preços baixíssimos dos colonos brasileiros) que era transportado para Amsterdam, lá o açúcar era então refinado e vendido para o resto da Europa a um preço muito mais caro fazendo assim com que a Holanda lucra-se mais que Portugal.



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Mas como essa parceria foi interrompida? já respondendo a pergunta a parceria terminou com o fim da dinastia Avis em 1580, com a morte de dom Sebastião em 1578 que morreu em uma batalha na África quando estava lutando contra os árabes em Alcácer-Quibir, quem assume o trono português é o seu tio o cardeal Henrique, mas morreu dois anos depois sem deixar herdeiro, com o trono português vazio Felipe II, rei da Espanha exige para si o direito do trono por ser primo de Sebastião, passo por cima dos outros pretendentes ao trono e torna rei de Portugal unindo assim as duas coroas.   
         Nesse período da união das duas coroas a Espanha estava em guerra com os Países Baixos (a Holanda estava lutando contra o domínio espanhol) assim quando o rei Felipe II tomou a coroa portuguesa cortou o a parceria que os flamengos tinham com o Brasil, com a finalidade de enfraquecer seu inimigo. Foi um duro golpe para os holandeses uma vez que o comercio do açúcar com o Brasil gerava para o país uma boa fonte de renda, que era muito utilizado nas campanhas contra a Espanha.
           Assim em 1595 como forma represália os holandeses pilharam a costa da África e a cidade de Salvador em 1604, mas entre 1609 e 1621 ouve uma trégua entre os dois países, foram 12 anos de paz, nesse meio tempo a Espanha fortaleceu a segurança na América espanhola e deixou de lado a América portuguesa, esse ponto da história é definitivamente um "campo minado", pois abre-se no minimo duas possibilidades, uma é que a Espanha estava em dificuldades e se viu obrigada a confirmar a independência dos Países Baixos em troca desses 12 anos, assim ela teve tempo de fortificar sua colônia na América, afinal era dali que vinha sua principal riqueza em ouro e prata, deixando de lado a colônia portuguesa desprovida de segurança; outra analise desse período quem traz é o pesquisador Alexandre Santos que relata em seu livro "Raízes" ouve um acordo secreto entre a Espanha e a Holanda onde os hispânicos iriam deixar a colonia portuguesa desprotegida e em troca os holandeses deixariam a América espanhola livre de ataques, de acordo com o Alexandre esse acordo secreto foi feito pelo camareiro-mor Gaspar Felipe de Guzmán, conde de Olivares a serviço do rei espanhol. 


De sua parte, igualmente bem informado pelos olhos que mantinha em Madrid, Usselincx sabia que, acuado pela pressa da ampulheta fazia passar os 12 anos de trégua estabelecidos em 1609,o pragmático conde de Olivares estava disposto a sacrificar bens portugueses n'além mar para preservar os interesses hispânicos. Estavam colocadas as linhas gerais de um grande acordo: a Espanha desleixaria os bens de Portugal em defesa de sua própria segurança. (SANTOS, Alexandre. p. 65-66. 2011).                                             

                                                                                 Aqui

          Independente de qual foi a verdade por trás da trégua dos 12 anos, podendo existir verdade nas duas versões, o fato é que em 1624 aconteceu o primeiro ataque holandês no nordeste brasileiro (em 1621 tinha sido fundado a Companhia das Índias Ocidentais), o alvo do ataque foi Salvador, embora os holandeses tenham conquistado a cidade rapidamente não conseguiram ir além pois os moradores que fugiram se organizaram na resistência, desta forma, após um ano da cidade dominada os flamengos se rendem perante uma esquadra espanhola com 52 navios e 12 mil homens que vieram para libertar Salvador.
         A mesma sorte não teve a cidade de Olinda, em 1630 os holandeses atacaram de novo, mas dessa vez eles vieram mais preparados e após bombardearem conquistaram Olinda a capital da capitania pernambucana, o foco de resistência veio do Arraial de Bom Jesus, se utilizando das estrategias de luta de guerrilha os rebeldes mantinham os holandeses afastados do interior assim os guerrilheiros conseguiram expulsa-los de Olinda, mas em sua retirada os flamengos atearam fogo na cidade, os holandeses se fixaram então no Recife, mas a batalha pendeu de novo a favor dos conquistadores por conta de uma traição, Domingos Fernandes Calabar aliou-se aos flamengos e como era conhecedor da região levo-us até o Arraial acabando assim com o foco de resistência. A partir dessa conquista os holandeses espalharam o seu domínio do litoral de Pernambuco até Rio Grande do Norte, durante essa conquista muito sangue foi derramado, muitos engenhos destruídos, muitos dos resistentes fugiram para o interior e muitos dos escravos aproveitaram toda essa confusão para se refugiarem nos quilombos, em especial o quilombo dos Palmares que teve um grande aumento populacional durante o Brasil Holandês.



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         Após 7 anos (1630-1637) de lutas os holandeses conseguiram manter o controle e uma relativa paz na colônia, assim no período que vai de 1637 à 1644 o território holandês no Brasil passa por uma série de mudanças graças a administração do Conde Mauricio de Nassau, esse curto período ficou marcado na nossa memória e quando relembramos do Brasil Holandês é justamente esses anos que costumam ser destacados, isso porque o Conde fez grandes obras, como expandir o território do Ceará atá a foz do rio São Francisco, transformou Recife na capital holandesa da colônia além de construir a cidade Maurícia com uma arquitetura holandesa e da construção de pontes interligando as duas cidades, no campo religioso ele liberou o culto tanto de católicos como de judeus embora os holandeses fossem protestantes, emprestou dinheiro para os proprietários de engenho se re-erguerem, garantiu o fornecimento de escravos da África para o Brasil e trouxe para a colônia muitos intelectuais como os pintores Frans Post e Albert Eckhout, o naturalista Marcgrave, o arquiteto Pieter Post, o médico Willelm Piso, etc. 





        Podemos ver que não é a toa que quando falamos do período holandês no Brasil costumamos associa-lo unicamente ao governo de Nassau, um fato curioso é que Nassau não era holandês apesar de ter feito toda a sua carreira na Holanda ele are alemão e por não dar muito retorno financeiro aos membros da Companhia das Índias Ocidentais ele foi retirado do governo e teve que retornar para a Europa, deixando o governo sob outra administração. Visando apenas o lucro a nova administração holandesa começou a cobrar impostos abusivos principalmente do senhores de engenho que tinham se endividado com a Companhia das Índias Ocidentais durante o governo de Nassau, também confiscaram diversos engenhos hipotecados, crescendo assim um antagonismo entre os holandeses e os colonos, eram o inicio das revoltas, a Insurreição Pernambucana.
       Como Portugal tinha acabado de romper com a Espanha (em 1640 subiu ao trono português a dinastia dos Bragança com o rei d. João IV) e declarar-lhe guerra estava muito enfraquecida para retomar sua colônia na América, assim apenar incentivou o espirito de revolta nos colonos que se organizaram, foi a união de senhores de engenho, dos colonos, de grupos indígenas e de negros alforriados, venceram os holandeses em diversas batalhas como no Monte das Tabocas em 1645, nas duas batalhas nos Montes Guararapes em 1648 e 1649. Os Holandeses ficaram ilhados no Recife além de sofrerem outras perdas como as fontes que forneciam escravos da África e a comercialização de açúcar com a Inglaterra (por meio do ato de navegação inglês de 1651 só podiam transportar produtos para a Inglaterra seus legítimos donos, e oficialmente o Brasil pertencia a Portugal), em 1653 os holandeses foram cercados no Recife por um frota portuguesa, assim totalmente cercada por terra e por mar a Holanda se rende em 1654.


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         A história do Brasil holandês nos faz refletir, tanto portugueses como holandeses apenas queriam obter lucros com a exploração das terras brasileiras por isso engana-se quem pensar que hoje estaríamos em melhores condições se a Holanda tivesse se firmado como nossos colonizadores, para eles nossa terra era apenas uma fonte de riquezas que deveria ser explorada até o espotamento. Nassau era um homem a frente de seu tempo e via a necessidade de primeiro estruturar a colônia para depois se obter os lucros, pensamento esse que nem holandeses e portugueses tinham. Termino esse artigo com uma citação do historiador Boris Fausto:

Não há uma resposta segura para essa questão, pois ela envolve uma conjectura, uma possibilidade que não se tornou real. Quando se compara o governo de Nassau coma rudeza lusa e a natureza muitas vezes predatória de sua colonização, a resposta parece ser positiva. Mas convém lembrar que Nassau representava apenas uma tendência e a Companhia das Índias Ocidentais outra, mais próxima do estilo do empreendimento colonial português. Vista essa questão sobre esse ângulo, e quando se constata o que aconteceu nas colônias holandesas da Ásia e das Antilhas, as duvidas crescem. A colonização dependeu menos da nacionalidade do colonizador e mais do tipo de colonização implantado. (FAUSTO, Boris. p. 89, 2009).  

Referências: 

FAUSTO, Boris. História do Brasil. 13 ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2009.

SCHNEERBERGER, Carlos Alberto. Manual Compacto de História do Brasil. 1 ed. São Paulo: Rideel, 2010.

SANTOS, Alexandre. Raízes. Recife: Bagaço, 2011. 
                                          

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