Sabemos
que a cada 20 de novembro é comemorado o dia da consciência negra,
principalmente pela comunidade afro-brasileira, nesse dia é lembrado a morte de
Zumbi, líder guerreiro do quilombo dos Palmares, ele foi morto poucos dias
depois do fim de Palmares, mas desde 1970 que a comunidade negra no Brasil não
vê essa data como um dia de luto mais sim como um dia de luta e Zumbi como um símbolo
de resistência. O 20 de novembro surgiu a partir de uma reflexão sobre o dia 13
de maio de 1889 (dia este que é comemorado a lei áurea assinada pela princesa
Izabel que estava regendo o trono do império na ausência de seu pai d. Pedro
II), a lei pode até ter libertado os escravos, mas os mesmo após a liberdade
foram “largados nas ruas” sem qualquer ajuda por parte do governo, sem ter
nenhuma lei assistencialista que os amparasse. Foi a partir desse tipo de
discursão que decidiu-se não comemorar o 13 de maio e em busca de uma nova data
que realmente representasse os ideais de luta dos afro-brasileiros chegou-se ao
20 de novembro como expressão máxima de resistência.
Palmares
se originou no final do século XVI entre os anos de 1580-1590, esse período foi
o começo da famosa “União Ibérica”, onde o rei Felipe IV da Espanha tornou-se também
rei de Portugal sendo chamado pelos portugueses de Felipe I, mas foi com a
invasão holandesa que o quilombo cresceu rapidamente devido as batalhas dos
holandeses e dos colonos muitos engenhos foram prejudicados com as fugas em
massa dos cativos que rumavam para Palmares em busca da liberdade. Em seu auge
Palmares teve entre 20 à 30 mil habitantes, os quilombolas viviam da agricultura
e do artesanato, seu excedente era vendido para as comunidades vizinhas
mostrando assim a força produtiva e autossustentável de Palmares.
O quilombo
era dividido em mocambos (núcleos populacionais) e cada mocambo tinha seu próprio
líder e esses escolhiam um rei que deliberava em questões de desrespeito a
todos os mocambos. O mocambo principal e mais numeroso era o dos macacos este
sendo também mais protegido e de difícil acesso. Seus dois grandes reis foram
Gangazumba e Zumbi. Gangazumba se destacou por sua diplomacia ao tratar da paz
entre o quilombo e o governador da capitania de Pernambuco durante os anos de
1670.
Após
a morte de Gangazumba (ele teria sido envenenado enquanto negociava a paz tão
desejada), assume Zumbi este dispensa a diplomacia de seu antecessor e prepara
os guerreiros do quilombo para a defesa e o ataque aos colonos senhores de
escravos, após sofrerem várias baixas de Zumbi e seus guerreiros os escravocratas
que queriam tanto se apossar daquelas terras quanto recuperar seus escravos
fugidos contratam os serviços de Domingos Jorge Velho, um experiente
bandeirante de contrato famoso por acabar com revoltas de indígenas e de negros,
as batalhas foram cruéis mais Palmares finalmente ruiu perante a força dos
canhões (isso mesmo foram utilizados canhões para romper as defesas de Palmares),
muitos negros foram mortos durante os combates, outros tantos foram capturados
e muitos para não perderem a liberdade e se submeterem a escravidão se
suicidaram pulando dos penhascos (hoje muitos estudiosos vem o ato de retirar a
própria vida por parte dos negros como última forma de resistência contra a
escravidão), zumbi e uns poucos guerreiros conseguiram bater em retirada mas
foram encontrados e mortos no dia 20 de novembro.
Assim
hoje vemos a história de Palmares e de Zumbi como símbolos de resistência,
lembrando dos três séculos de escravidão, das lutas e conquistas que a
população negra conseguiu, principalmente ao longo do século XX, do
enfrentamento contra o racismo que ainda persiste nos dias de hoje embora que
de maneira disfarçada. Espero que essa data nos impulsione a lutarmos todos os
dias por uma sociedade mais justa e igualitária onde todos possamos ter as
mesmas oportunidades independentemente de cor, sexo ou religião.
Sugestão
de leitura:
Livro
“História do Brasil”, Boris Fausto.
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