Imagem de: Ayodeji Fatunla
É notório que o processo de extinção do tráfico de escravos para o Brasil foi o começo do fim do sistema escravocrata brasileiro, entre os fatores relevantes ao fim do tráfico temos: a influência da Grã-Bretanha e os instrumentos jurídicos criados para os fim do tráfico.
Sabe-se que, apesar da Grã-Bretanha ter enriquecido com o
tráfico negreiro, ela defendeu o fim da escravidão depois de revolução
Industrial iniciada na Inglaterra, que a via como um atraso ao capitalismo,
como o Brasil no século XIX estava cada vez mais dependente de produtos
ingleses, vários acordos foram impostos ao governo brasileiro para
gradativamente pôr fim ao tráfico de escravos.
É necessário ressaltar que, a lei de 1831 não surtiu os
efeitos desejados pela Grã-Bretanha pois os navios negreiros ainda traficavam
muitos escravos da África para o Brasil; uma vez que os próprios políticos eram
donos de escravos, ficando essa lei conhecida como “lei para inglês ver”, assim
em 1845 foi aprovada na Inglaterra a lei Bill Aberdeen, que autorizava navios
ingleses capturarem navios negreiros no Atlântico. Vendo que os prejuízos eram
enormes foi aprovada em 1850 a lei Eusébio de Queiroz pondo fim ao tráfico de
escravos.
Desse modo, fatores externos como as fortes pressões da
Inglaterra e internos como o prejuízo com o tráfico, principalmente após 1845, contribuíram
para a extinção do tráfico de escravos no Brasil.
Contudo, devemos nos perguntar qual era a real intensão
dos ingleses ao de uma hora para outra começar a lutar pela abolição da
escravatura, uma coisa é certa, tanta benevolência de uma nação que lucrou
tanto com o comercio negreiro era de se estranhar, o historiador Carlos Alberto
Schneeberger (pg. 262) nos traz as reais intenções dos ingleses ao descrever
que “a Inglaterra, necessitada de mercados, pressionava para que se liquidasse
o regime escravocrata”.
Assim podemos chegar a conclusão de que não era por
benevolência que a Inglaterra lutava pelo fim da escravidão, mas sim por interesse
próprio pois o que ela queria no momento era mão-de-obra assalariada, não para
viver dignamente, mas para comprar os seus produtos industrializados, além
disso a partir de sua industrialização os ingleses perceberam que era mais
barato pagar um misero salário que manter um escravo, como produto o
africano custava caro, além de lhe dar moradia, comida, roupas e remédios em
caso de doença.
Assim, ao colocar os custos na “balança”, a Grã-Bretanha
percebeu que era mais rentável um homem assalariado que um homem escravo, com a
mão de obra assalariada o dono dos meios de produção não necessitava mais se
preocupar com moradia, comida, roupa e saúde do empregado afinal ele está
recebendo justamente para se manter e consumir o produto que ele mesmo produz.
Hoje dizemos que não existe mais escravidão, mas até que
ponto essa frase é realidade? Será que na atualidade toda a massa da população
não é escrava do sistema? Somos moldados desde cedo para o mercado de trabalho,
criados para sermos mais uma engrenagem no sistema capitalista, e quando não
servimos mais somos substituídos por uma engrenagem nova, e assim vivemos na
falsa ilusão da liberdade, da mesma forma que um peixe não se vê engolido pelo
mar somos nós hoje engolidos pelo capitalismo.
Autor: Jailson Mendes
Referência bibliográfica: